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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Para refletirmos!...

Independência ou autonomia?
Por ANA PAULA PADRÃO

Pra não deixar de falar de mulheres nesse fim de semana de independência, será que podemos comemorar a data, amigas? A expressão independência feminina, de tão repetida, virou um daqueles refrães batidos que não dão trabalho ao cérebro. Mas aqui, apenas com meus botões e quase sussurrando, arrisco uma dúvida: se cada mulher fosse um país, seria mesmo independente? Ou apenas autônomo?
Autonomia e independência podem até ser sinônimos em algumas circunstâncias. Mas um país autônomo, apesar de livre administrativamente, ainda pertence a outro. Nós, apesar de livres para votar, trabalhar, escolher, exercemos nossa liberdade ou apenas nossa autonomia?
Armadilhas estão à volta. Montadas para abocanhar nossa independência. A mais ardilosa delas pode estar muito perto, dentro de cada uma. A culpa. Ela nos permite autonomia, mas sabota nossa liberdade. Afinal, se nossa agenda sempre lotada de demandas dos outros - filhos, chefes, companheiros - nos escraviza, como podemos nos considerar independentes? A escravidão do tempo, ou da falta dele, é o muro que construímos em torno de nós mesmas. Dentro dele decidimos quase tudo sobre nossas vidas. Mas o mundo é tão maior lá fora… E nunca dá tempo de aproveitá-lo. Temos tanta coisa pra fazer, não é?
Não acredito que esse paradoxo, tão filosófico, seja apenas feminino. Aqueles homens dos anos 50, que tinham a obrigação social de sustentar suas famílias e ostentar o selo de bem sucedidos no trabalho, também viviam presos. Mas nos venderam essa prisão com um marketing tão eficiente que a gente acreditou que era a liberdade. Pelo menos já sabemos que não é. A independência real depende agora do famoso equilíbrio. E de descobrirmos o que, na longa lista de compromissos na agenda, de fato nos faz feliz.

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